segunda-feira, 30 de abril de 2012

Nomeação dos novos membros do Colégio de Consultores


Arquidiocese divulga Nota sobre a Nomeação dos novos membros do Colégio de Consultores

Para o melhor desempenho de sua missão pastoral, cada bispo diocesano e, no caso da Igreja Particular de Olinda e Recife, nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Antônio Fernando Saburido, OSB, deve constituir o Colégio de Consultores. Dentre os membros do Conselho Presbiteral, são escolhidos os membros do Colégio de Consultores, não menos que seis nem mais que doze, que desempenharão suas funções pelo período de cinco anos.

Na manhã de hoje, Dom Fernando Saburido, OSB, empossou como membros do Colégio de Consultores os reverendíssimos padres:

1. Mons. José Albérico Bezerra de Almeida (Vigário Geral),
2. Mons. Lino Rodrigues Duarte (Vigário Geral),
3. Pe. Alessandro Corazza, PSPM (Vig. Episc. do Vicariato Olinda),
4. Pe. Cícero Ferreira de Paula (Chanceler da Cúria Metropolitana),
5. Fr. Joaquim Ferreira da Luz, OCarm (Vig. Episc. do Vicariato Recife Norte 1),
6. Pe. Josivaldo José Bezerra (Vig. Episc. do Vicariato Cabo),
7. Pe. Maurício Roberto Diniz Souza (Vig. Episc. do Vicariato Vitória),
8. Pe. Miguel Batista de M. Neto, SCJ (Vig. Episc. do Vicariato Recife Norte 2),
9. Fr. Paulo Amâncio de Freitas, OFMCap (Vig. Episc. para a vida religiosa e consagrada),
10. Pe. Paulo Sérgio Vieira Leite (Vig. Episc. do Vicariato Recife Sul 2),
11. Pe. Sérgio Pereira da Silva (Vig. Episc. do Vicariato Recife Sul 1).

O Colégio de Consultores é presidido pelo Arcebispo Metropolitano e suas funções são determinadas pelo Código de Direito Canônico, dentre as quais: ficando vacante a Sé, o Conselho Presbiteral cessa e suas funções são desempenhadas pelo Colégio de Consultores (cf. Cân. 501); no prazo de oito dias depois da notícia da vacância da Sé, o Bispo Auxiliar ou o presbítero mais antigo do Colégio de Consultores deve convocar os demais membros para eleger o Administrador Diocesano, que governará provisoriamente a Igreja Particular (cf. Cân. 421), a menos que a Santa Sé tenha providenciado de outro modo; na falta do Bispo Auxiliar, cabe ao Colégio de Consultores comunicar a Santa Sé da morte do Bispo Diocesano; no desempenho de suas atribuições, há momentos em que tanto o Bispo quanto o Administrador Diocesano precisam do consenso do Colégio de Consultores para a tomada de algumas decisões.

Dom Antônio Fernando Saburido, OSB
Arcebispo de Olinda e Recife

quarta-feira, 25 de abril de 2012

I Encontro de Catequese do Vicariato Vitória

Foi realizado na Paróquia de Nossa Aparecida (localizada na Bela vista), no dia 15 de abril, o I Encontro de Catequese do Vicariato Vitória, com a participação de catequistas das 10 paróquias. 
  Pe. Rubens da Paróquia de Nª Sª do Livramento
 
 Pe. Josenildo Tavares


  Pe. João Pedro, da Paróquia de São Vicente de Paulo
Josenildo, coordenador do Vicariato Vitória

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Primeira Eucaristia na Paróquia de Nossa Senhora do Livramento

   Uma tarde muito especial...
              Que ao término da catequese, não cheguemos ao fim da nossa caminhada, mas sim, de uma continuação no caminho do Senhor.
              Que Deus abençoe e que a Virgem Maria interceda por todas as crianças junto ao seu filho Jesus, por receberem este lindo sacramento:a 1ª Eucaristia.
Somos de uma Comunidade rural (Canha), da Paróquia de Nossa Senhora do Livramento. Pároco Pe. Rubens de Almeida.







terça-feira, 10 de abril de 2012

Comissão promove encontros de formação para catequistas do Vicariato Olinda



Publicado em 09/04/2012
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Fonte: http://vicariatoolinda.org/2012/04/09/formacao-catequese/ 
Catequistas das paróquias que compõem o Vicariato Olinda estão convocados a participar dos encontros de formação promovidos pela Comissão Catequese e Bíblia. Ao todo serão realizados três encontros de formação catequética no primeiro semestre de 2012, nos meses de abril, maio e junho, aos domingos, sempre das 8h às 15h.
A primeira formação está marcada para próximo domingo (15/04), no Centro Paroquial Nossa Senhora do Rosário, em Cruz de Rebouças, município de Igarassu. Nesse dia, os catequistas participam do debate sobre a “Dimensão Lúdica da catequese”. Em maio, a formação será realizada no dia 20, em Itapissuma, com o tema “A catequese e o mundo juvenil”. No mês de junho, em Abreu e Lima, os participantes debatem sobre a temática “Uma catequese de adultos para o discipulado”.
De acordo com os organizadores, os encontros de formação catequética tem o objetivo de oferecer aos catequistas do Vicariato Olinda subsídios na dimensão metodológica da catequese, como forma de apoio a seus trabalhos de evangelização.
Serão disponibilizadas cinco vagas por paróquia do Vicariato. Os participantes devem se responsabilizar pelo pagamento de uma taxa no valor de R$ 10,00, para contribuição nos custos e como forma de compromisso e comunhão.
No segundo semestre, outros três encontros formativos serão realizados pela Comissão Catequese e Bíblia do Vicariato Olinda, cujas datas e localidades serão divulgadas posteriormente. A Comissão Catequese e Bíblia solicita que os participantes também levem uma colaboração para a partilha do almoço.
Mais informações: 88262512 (Pe. Carlos Fred)
Confira abaixo o cartaz do primeiro encontro.

terça-feira, 3 de abril de 2012

OS CAMINHOS DA PASTORAL BÍBLICA




Como chegar a uma Animação Bíblica de toda a Pastoral?
 Francisco Orofino

São inegáveis os avanços conseguidos pela Igreja católica, a partir do desafio colocado
pelo Vaticano II, em colocar a Bíblia nas mãos dos fiéis. Ao longo dos últimos 50 anos
nossa Igreja fez uma caminhada em que buscou recuperar o tempo perdido, lançando-se
num processo que deve ser analisado a partir das renovações propostas pelo Concílio.
Os resultados que temos hoje foram alcançados através de passos importantes.

Um primeiro passo foi, literalmente, colocar uma Bíblia nas mãos dos fiéis. Não era
costume dos fiéis católicos terem uma Bíblia para seu uso pessoal. Isto exigia rapidez
em novas edições trazendo traduções novas, numa linguagem atualizada. Exigia
também grandes tiragens que alcançassem um preço acessível aos fiéis. Esta meta foi
atingida a partir dos anos 70, com a confecção de Bíblias populares, tais como a Bíblia
da Ave Maria, Vozes, Pastoral etc. As grandes tiragens de Bíblias continuam sendo
feitas, mantendo os preços das Bíblias dentro das possibilidades das pessoas mais
pobres. Anualmente no Brasil vendem-se cerca de 7 milhões de Bíblias. O surgimento
das pastorais bíblicas diocesanas incentivou muito a distribuição de Bíblias aos fiéis.
Este passo ainda é necessário. Prova disso é a Campanha nacional de doação de um
milhão de Bíblias, promovido pela CNBB. Mas o importante neste passo é que,
gradativamente, a Bíblia foi se tornando um livro caseiro, de devoção e de referencia
dos católicos. Hoje a grande maioria dos fiéis tem uma Bíblia para seu uso pessoal.

Um segundo e importante passo foi o desenvolvimento de um método de leitura e
interpretação dos textos bíblicos que ajudasse os fiéis a se apropriar do conteúdo
bíblico. Este objetivo foi alcançado através da popularização do método pastoral ver-
julgar-agir aplicado na leitura popular da Bíblia. Surgiram assim os círculos bíblicos. O
material proposto em um círculo partia sempre de um fato da vida (ver) seguido de um
estudo ou aprofundamento de um texto bíblico relacionado ao fato (julgar). O estudo,
sempre comunitário, concluía apontando pistas pastorais dentro de uma celebração
(agir). Assim, a Pastoral Bíblica em muitas dioceses começou com as equipes
diocesanas de Círculos Bíblicos. 
Dados estes dois importantes passos, podemos reconhecer que Pastoral Bíblica, num
primeiro momento, significava animar e motivar as comunidades para constituir
Círculos Bíblicos, bem como o apoio necessário para que as pessoas fossem tendo mais
autonomia no uso da Bíblia. Dentro deste esforço destacamos as várias propostas de
cursos e de publicações que de fato ajudaram o povo católico a se apropriar do conteúdo
dos textos bíblicos. Tais esforços, como a iniciativa do Mês da Bíblia, são de
reconhecida importância para a vida eclesial.

Estes passos revelaram também a existência de um grande interesse, por parte dos fieis.
Existe uma vontade de saber mais a respeito da Palavra de Deus na Sagrada Escritura.
Interesse este que muitas vezes esbarra na resistência dos párocos, inseguros nas
respostas e nas modificações propostas pela leitura bíblica feita nas comunidades.
Olhando agora retrospectivamente esta caminhada de quase 50 anos, percebe-se
também que uma Pastoral Bíblica não é ainda um projeto prioritário na maioria das
dioceses, paróquias e comunidades. Há esforços localizados para uma adequada
formação bíblica, mas a grande maioria das dioceses nunca elaborou um projeto
consistente de Pastoral Bíblica capaz de formar agentes de pastoral que possibilitem dar
este terceiro e importante passo: a animação bíblica de toda a Pastoral.

Creio que alguns pontos devem ser ressaltados se queremos avançar na formação bíblica
de agentes de pastoral, capazes de animar biblicamente toda a Pastoral:

1. Devemos constatar que está em andamento uma descoberta progressiva de que a
Palavra de Deus não está só na Bíblia, mas também na vida, e de que o objetivo
principal da leitura da Bíblia não é interpretar a Bíblia, mas sim interpretar a vida com a
ajuda da Bíblia. Descobre-se que Deus fala hoje, através dos fatos. Isto gera um
entusiasmo muito grande. Não é tanto por causa das coisas novas que eles descobrem na
Bíblia, mas muito mais por causa da confirmação que recebem de que a caminhada
pastoral que estão fazendo é uma caminhada bíblica e, assim, neles se renova a
esperança. A Bíblia ajuda a descobrir que a Palavra de Deus, antes de ser lida na Bíblia,
já existia na vida. “Na verdade, o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia” (Gn 28,16)! 
2. A Bíblia entra por uma outra porta na vida do povo. Ela não pela porta da imposição
autoritária, mas sim pela porta da experiência pessoal e comunitária. Ela se faz presente
não  como  um  livro  que  impõe  uma  doutrina  de  cima  para  baixo,  mas  como  uma  Boa
Nova  que  revela  a  presença  libertadora  de  Deus  na  vida  e  na  luta  do  povo.  Os  que
participam  dos  grupos  bíblicos,  eles  mesmos  se  encarregam  de  divulgar  esta  Boa
Notícia e atraem outras pessoas para participar (Pastoral Missionária). “Venham ver um
homem  que  me  contou  toda  a  minha  vida!”  (Jo 4,29).  Por  isso,  ninguém  sabe  quantos
grupos bíblicos existem. Só Deus mesmo!

3. Lendo assim a Bíblia, produz-se uma iluminação mútua entre Bíblia e vida. O sentido
e o alcance da Bíblia aparecem e se enriquecem à luz do que se vive e sofre na vida, e
vice-versa. Para que se produza esta ligação profunda entre Bíblia e vida, é importante:
a) Ter nos olhos as perguntas reais que vêm da vida e da realidade sofrida de hoje. Aqui
aparece  a  importância  de  o  estudioso  da  Bíblia  ter  convivência  e  experiência  pastoral
inserida no meio do povo. b) Descobrir que se pisa o mesmo chão, ontem e hoje. Aqui
aparece  a  importância  do  uso  da  ciência  e  do  bom  senso  tanto  na  análise  crítica  da
realidade  de  hoje  como  no  estudo  do  texto  e  seu  contexto  social.  c)  Ter  uma  visão
global  da  Bíblia  que  envolva  os  próprios  leitores  e  leitoras  e  que  esteja  ligada  com  a
situação concreta das suas vidas. 
4. A interpretação que o povo faz da Bíblia é uma atividade envolvente que compreende
não só a contribuição intelectual do exegeta, mas também e sobretudo todo o processo
de  participação  da  Comunidade  (Pastoral  de  Conjunto):  trabalho  e  estudo  de  grupo,
leitura pessoal e comunitária, teatro, celebrações, orações, recreios, “enfim, tudo que é
verdadeiro,  nobre,  justo,  puro,  amável,  honroso,  virtuoso  ou  que  de  qualquer  maneira
merece louvor” (Fl 4,8). Aqui aparecem a riqueza da criatividade popular e a amplidão
das intuições pastorais que vão nascendo com esta leitura.

5. Para uma boa interpretação da Bíblia, é muito importante o ambiente de fé e de
fraternidade, através de cantos, orações e celebrações (Pastoral Litúrgica). Sem este
contexto do Espírito, não se chega a descobrir o sentido que o texto tem para nós hoje.
Pois o sentido da Bíblia não é só uma idéia ou uma mensagem que se capta com a razão
e se objetiva através de raciocínios; é também um sentir, uma consolação, um conforto
que é sentido com o coração, “para que, pela perseverança e pela consolação que nos
proporcionam as Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15,4).

segunda-feira, 12 de março de 2012

Mensagem do Primeiro Congresso Brasileiro de Animação Bíblica da Pastoral


Comissão Bíblico Catequística
 Bíblia sagrada 
  Oggetto: Mensagem do Primeiro Congresso Brasileiro de                  Animação Bíblica da Pastoral
Mensagem do Primeiro Congresso Brasileiro de Animação Bíblica da Pastoral
1.    Com o coração repleto de alegria, nós, os 500 participantes do Primeiro Congresso Brasileiro de Animação Bíblica da Pastoral, celebrado em Goiânia, de 08 a 11 de outubro de 2011, saudamos fraternalmente a toda a Igreja que está no Brasil com quem partilhamos a riqueza da Palavra de Deus experimentada nesses dias de convivência, reflexão e comunhão.   A Palavra de Deus é viva e eficaz (Hb 4,12). Por Ela, Deus se revela, se comunica, vive em nós e conosco, pois Ele se doou por completo a nós, em Jesus Cristo, nascido da Virgem Maria, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem (Jo 1,1.14).  Ele é a Palavra Encarnada visível, audível, tocável, princípio de todas as coisas; Palavra salvadora, transformadora, libertadora, que ilumina, alimenta e leva a resistência na defesa integral da vida e da dignidade humana. Palavra que É e dá sentido a tudo o que somos e temos. Palavra que alimenta a fé,  fortalece a esperança e concretiza o amor.
2.    Nestes dias de graça, resgatamos a memória do caminho que a Palavra fez conosco e do caminho que fizemos com Ela na história. Lemos os Sinais dos Tempos nos desafios e oportunidades da civilização em mudança, na qual estamos inseridos.   Entendemos que a Animação Bíblica da Pastoral é uma dádiva de Deus, capaz de reavivar na Igreja a consciência de que a sua identidade e missão derivam da Palavra de Deus; capaz de renovar e dinamizar a vida, as estruturas e a ação da Igreja em sua totalidade.  Sentimo-nos provocados a construir, em nós e na comunidade eclesial, uma postura aberta e condizente com o divino processo transformador e revitalizador das pastorais, dos movimentos, das CEBs e das pequenas comunidades, estabelecendo inter-relação, inter-dependência e cooperação entre os pastores e os fiéis em todas as iniciativas pastorais, impulsionando o dinamismo, o crescimento e a irradiação dessa Palavra.   Cabe-nos agora assumir, com coragem e juntos, a tarefa de fazer acontecer a Animação Bíblica de toda a Pastoral.
3.    O Papa Bento XVI alerta-nos: “Não se trata de acrescentar qualquer encontro na paróquia ou na diocese, mas de verificar que, nas atividades habituais das comunidades cristãs, nas paróquias, nas associações e nos movimentos, se tenha realmente a peito o encontro pessoal com Cristo que se comunica a nós na sua palavra. Dado que a ignorância das Escrituras é a ignorância de Cristo (São Jerônimo), então podemos esperar que a Animação Bíblica de toda a Pastoral ordinária e extraordinária levará a um maior conhecimento da pessoa de Cristo, Revelador do Pai e plenitude da Revelação divina” (VD no. 73).
4.    Irmãs e irmãos invoquemos o Espírito Santo, para que nos dê, a todos nós a atitude do discípulo, que escuta para colocar em prática o que o Senhor diz, e nos dê a graça de dinamizarmos a Animação Bíblica da Pastoral. Para isso, propomos:
a) que a conversão pessoal e pastoral, solicitada pelo documento de Aparecida, seja fortemente alimentada pela leitura diária e a vivência da Palavra de Deus, priorizando o método da Leitura Orante;
b) que a iniciação à vida cristã, formando verdadeiros discípulos missionários, seja alimentada e dinamizada pela Palavra de Deus;
c) que a família e as comunidades se congreguem ao redor da Palavra de Deus e, à sua luz, reforcem as suas relações de vida e de comunhão;
d) que todas as iniciativas em nossa Igreja partam da Palavra de Deus, por ela se iluminem, se alimentem e se avaliem;
e) que todas as Igrejas Particulares invistam na formação bíblica dos leigos e leigas e na formação bíblica-pastoral dos seminaristas e dos presbíteros;
f) que a leitura das Sagradas Escrituras nos converta ao acolhimento, à convivência fraterna e à colaboração mútua de todos os cristãos promovendo um verdadeiro ecumenismo;
g) que nós, convertidos pela Palavra de Deus, sejamos agentes transformadores da sociedade, a favor dos mais necessitados, tendo em vista o Reino de Deus que também é nosso.
5.    Isso exige, por parte dos bispos, dos presbíteros, dos diáconos, dos religiosos e religiosas, dos ministros da Palavra, dos agentes de pastoral e de todos os leigos e leigas uma firme decisão e um sólido compromisso que concretize a Animação Bíblica da vida e da pastoral nas nossas Igrejas particulares. Isso se realizará na medida em que a Palavra continuar o seu mistério de encarnação em cada um de nós como em Maria.
6.    Que a Palavra de Deus, lâmpada para os nossos passos e luz para o nosso caminho, guie todos os esforços para que Cristo Jesus seja tudo em todos.
Goiânia, 11 de outubro de 2011

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mensagem de D. Fernando Saburido para a Quaresma



Recife, 22 de fevereiro de 2012,
Quarta-feira de Cinzas.

“Você abandonou o seu primeiro amor. Repare onde você caiu. Converta-se e retome o caminho de antes. Caso contrário, se não se converter, eu chego e arranco da posição em que está o candelabro que você tem” (Ap 2, 4- 5).


Queridos irmãos e irmãs da nossa Igreja de Olinda e Recife,

Essas palavras do livro do Apocalipse podem bem servir para nos estimular comunitariamente como Igreja e, particularmente, como cristãos/ãs e ministros de Deus, nesse tempo favorável, que é o Ciclo pascal (Quaresma e Páscoa), desse ano da graça de 2012. Como vocês sabem, o livro do Apocalipse, depois da visão que o profeta João teve do Cristo ressuscitado em um domingo (cap. 1), contém sete cartas ou mensagens que o Senhor lhe dita para as Igrejas. Essas pequenas comunidades eclesiais da Ásia Menor, situadas na periferia do Império e em meio a um mundo não cristão, representam as Igrejas do mundo inteiro, cada qual em sua diversidade, merecendo uma mensagem própria a partir de seu contexto histórico e em que etapa se encontra no caminho da fé. Dessas, a primeira comunidade eclesial é a Igreja de Éfeso, cidade importante da Ásia Menor, atual Turquia. A carta ditada pelo Cristo para a comunidade de Éfeso reconhece que se trata de uma Igreja bem organizada e fiel. “Conheço a sua boa conduta, o seu esforço e sua perseverança” (Ap 2,3). Porém, logo o Senhor se sente obrigado a dizer: “Mas tenho uma coisa contra você: ter abandonado o seu primeiro amor”. Na Bíblia, “o primeiro amor” é aquele sobre o qual o profeta Jeremias fala: “Assim diz o Senhor: ‘Lembro-me, a favor de ti, do entusiasmo da tua juventude, do amor do teu tempo de noivado, quando me seguias pelo deserto e vivias em uma terra não semeada’ ” (Jr 2,2). Também através do profeta Oséias, Deus propõe a Israel: “Eu vou atraí-la e a conduzir novamente ao deserto. Ali lhe falarei ao coração. (…) Ali, ela me responderá como nos dias de sua juventude, como no dia em que eu a tirei da terra do Egito. Naquele dia, diz o Senhor, ela me chamará ‘meu esposo’ e não me terá mais como um ídolo” (Os 2,14-16).

Percebemos que tanto os profetas do primeiro testamento como o livro do Apocalipse se referem ao tempo do primeiro amor ou ao entusiasmo da juventude da comunidade, como sendo o período do Êxodo, especificamente o processo da libertação do Egito e do caminho pelo deserto. Então, não é por acaso que, desde os tempos antigos, a Igreja sempre dedica o primeiro domingo da Quaresma ao evangelho das tentações de Jesus no deserto. Precisamos, então, aprofundar o que, para nós, na nossa Arquidiocese, hoje, significa voltar à mística do deserto e à espiritualidade do Êxodo, para retomar o primeiro amor de nossa Igreja.

Esse tempo de retiro quaresmal e de festas pascais nos chama para nos desacomodar. Segundo o Apocalipse, a comunidade de Éfeso era muito observante e fiel, mas lhe faltava a mística, tinha perdido o encanto do primeiro amor, “o fervor que tínhamos no começo da vocação”. Muitas vezes, os padres e agentes de pastoral se sentem “pessoas especializadas em Deus” e esquecem que ele não se deixa nunca possuir e quer que o busquemos intensa e permanentemente, como a razão de ser de nossas vidas. O Deus da Bíblia sempre se manifesta na busca do seu reino. “Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça e tudo o mais vos será dado em acréscimo” (Mt 6, 33). A contemplação e a busca de Deus nunca podem ser desligadas da preocupação com a justiça e a vida em sua integridade. Retomar o primeiro amor foi justamente o apelo do papa João XXIII, quando, há 50 anos, convocou o Concílio Vaticano II e o inaugurou propondo a todos os bispos e fiéis que o Concílio fosse para a Igreja e para cada católico um novo Pentecostes. Ele propôs que, para “voltar ao primeiro amor”, a Igreja deveria seguir sempre dois critérios até hoje muito atuais: 1º) a volta às fontes da fé; 2º) o aggiornamento ou o cuidado de expressar e celebrar a fé de um modo acessível às pessoas do nosso tempo. João XXIII insistia que, mesmo as mais veneráveis tradições deveriam ser revistas a partir desses dois critérios: se se ligam realmente ao Evangelho e se são acessíveis à humanidade de hoje.

Nós temos a graça de pertencer à Igreja no Brasil, uma Igreja que, no mundo inteiro, foi pioneira em colocar o Concílio Vaticano II em prática e, a partir de Medellin, soube atualizar e adaptar para o nosso país o esforço da renovação conciliar. A nossa Arquidiocese assumiu esse caminho da inculturação e se pôs em diálogo com o mundo desde os tempos de Dom Carlos Coelho. Entretanto, o grande profeta dessa abertura foi mesmo Dom Helder Camara. Ele soube unir uma profunda espiritualidade a uma preocupação permanente de falar ao coração do homem e da mulher de hoje. Sem excluir ninguém e acompanhando a todos os movimentos e grupos católicos, Dom Helder conseguiu colocar em prática a opção preferencial pelos pobres, dando força e apoio às pastorais sociais e ao acompanhamento dos movimentos populares. Retomar esse apoio hoje e viver a mística que eles propõem não seria, hoje, o nosso modo concreto de viver a espiritualidade do Êxodo, a caminhada da libertação?

Hoje, os tempos são outros e é normal que nosso método de trabalho tenha mudado, mas todos sabemos que a desigualdade social e as injustiças não somente não acabaram, como até se agravaram mais do que nas últimas décadas do século passado. Os organismos internacionais afirmam que a humanidade atingiu a marca dos sete bilhões de pessoas, das quais ao menos um bilhão vive em estado de desnutrição ou subnutrição. Não porque faltem alimentos. Ao contrário, o mundo nunca produziu tantos alimentos, mas a fome se agrava porque aumenta o número dos pobres e esses não têm como comprar. Os pobres continuam a ser explorados, sobretudo no mundo do trabalho. Na região de Suape, por exemplo, a situação dos trabalhadores é terrivelmente injusta e precária, conforme pudemos constatar em recente matéria do Diário de Pernambuco intitulada: “Os filhos de Suape”, e o relatório do Movimento dos Trabalhadores Cristãos, antiga ACO. A pergunta que fica no ar e deve ser respondida, pessoal e comunitariamente, é a seguinte: como, a esses irmãos e irmãs que vivem essas situações, podemos testemunhar o amor de Deus e a sua preferência pelo pequenino e sofredor?

Antigamente, nas comunidades eclesiais e religiosas, o bispo ou superior costumava no começo da Quaresma indicar um livro para que a comunidade de fé e cada irmão o lessem e aprofundassem, especialmente no tempo quaresmal. Na regra para os monges, São Bento retoma esse costume e propõe que o abade indique para cada irmão ou irmã um livro da Biblioteca que, naquele tempo, possuía especificamente livros da Bíblia ou dos santos pais antigos. Recordando, hoje, esse costume, gostaria de propor a vocês que nesse tempo de Quaresma e Páscoa, cada padre, diácono, seminarista, religiosa, religioso, leigas e leigas possa ler ou reler e meditar três documentos dos 16 do Concílio Vaticano II. Penso especificamente na Constituição Dogmática sobre a Igreja (Lumen Gentium), na Constituição Dogmática sobre a Palavra de Deus (Verbum Dei) e a Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje (Gaudium et Spes).

Nossa Arquidiocese está preparando o seu plano de pastoral para os próximos anos. Diversos encontros e reuniões já foram realizados para que esse plano seja elaborado a partir do diálogo e da participação de toda a nossa Igreja. Nesse plano, necessitamos concretizar nosso apoio e abertura para as pastorais sociais como um modo espiritual de retomar a mística do Êxodo e de ser fiel à caminhada própria da Igreja em nosso continente. Que possamos atualizar, em nossa Arquidiocese, a palavra que os bispos latino-americanos propuseram ao querer traduzir o espírito do Concílio Vaticano II: “Que se apresente cada vez mais nítido, na América Latina, o rosto de uma Igreja autenticamente pobre, missionária e pascal, desligada de todo o poder temporal e corajosamente comprometida na libertação de todo o ser humano e de toda a humanidade” (Medellin 5,15a).

Que a celebração quaresmal e pascal de 2012 seja para nós um sacramento de conversão profunda de nossas vidas a esse projeto divino. E o Cristo ressuscitado, como dizia São João Crisóstomo, fará de nossas vidas, mesmo no meio das lutas e das dores, uma festa permanente.
Dom Antônio Fernando Saburido, OSB
Arcebispo de Olinda e Recife