Esse é o tema
proposto pela CNBB para o mês vocacional nesse ano do jubileu
extraordinário da misericórdia. Essa palavra do evangelho (Lucas 6, 36)
nos situa diante da vocação comum de toda pessoa humana e mais
especificamente de todos nós que somos batizados. De fato, é porque
descobrimos a misericórdia de Deus para conosco que nos sentimos
chamados a viver essa mesma misericórdia uns com os outros e tomamos
consciência de nossa vocação cristã no mundo atual e como Igreja.
No mundo atual, a sociedade dominante
apregoa que tudo tem seu preço e as pessoas são induzidas a procurar
carreiras que deem dinheiro e lhes garantam sucesso e poder. Na
contramão disso, encontramos muitos irmãos e irmãs que se dispõem com
generosidade a doar suas vidas aos outros e a testemunhar o Reino de
Deus germinando e crescendo no meio de nossas comunidades. Somente
motivações psicológicas e menos ainda interesses sociais e econômicos
não seriam suficientes para justificar tal opção. Por isso, mesmo sem
descartar que possam existir possíveis razões humanas e psicológicas,
cremos com firmeza que, por trás de jovens que apostam suas vidas no
serviço do Reino de Deus há uma vocação – um chamado do Pai e uma
inspiração forte do Espírito Santo. O apóstolo Paulo insistia que
ninguém é capaz de confessar: “Jesus é o Senhor”, se não for movido pelo
Espírito. Por trás de toda vocação eclesial, é o próprio Espírito que
opera para a edificação do bem comum na Igreja, corpo de Cristo (Cf. 1
Cor 12).
Por isso, é importante que valorizemos
agosto como o mês das vocações. O objetivo é motivar a oração de todos
pelas vocações e aprofundar a nossa vocação comum como fruto da
misericórdia do Pai. Todos os batizados recebem a vocação para seguir
Jesus no seu testemunho do reino do Pai e fazem isso ao inserir-se no
serviço à Igreja, seja como fiéis leigos/as, discípulos e missionários,
seja na vida consagrada ou especificamente nos ministérios ordenados de
diácono e de presbítero (padre) a serviço do evangelho.
A Pastoral Vocacional da CNBB publicou
no seu site subsídios que, durante o mês de agosto, podem ajudar para
aprofundarmos esse tema em três encontros: 1. a vocação nasce na Igreja.
2. a vocação cresce na Igreja. 3. A vocação é cultivada (portanto
amadurece) na Igreja. Também nas próprias celebrações dominicais, é
sugerido que no domingo 07 de agosto, possamos dedicar nossa oração e
reflexão à vocação dos ministérios ordenados (padres e diáconos). No
domingo 14 de agosto, reflitamos sobre a vocação matrimonial – todo
casal tem como vocação ser imagem e testemunha do amor de Deus pela
humanidade. No domingo 21, podemos meditar sobre a vocação própria dos
religiosos e religiosas na Igreja e, finalmente, no domingo 28,
aprofundar a vocação própria e importante dos homens e mulheres que como
fieis leigos/as, são discípulos missionários do evangelho de Jesus.
Em toda a Bíblia, toda vocação nasce e
pode se desenvolver porque homens e mulheres escutaram, ou como uma voz
interior, ou através dos acontecimentos da vida, uma palavra divina que
os chamou. Conforme a palavra bíblica, antes de Abraão acreditar em
Deus, foi o próprio Senhor que acreditou em Abraão e mesmo vendo-o velho
e frágil, o chamou para uma missão nova e exigente. Também Moisés teve
dificuldade de aceitar sua vocação, mas não teve como dizer não ao ver
que Deus confiava nele. Antes que creiamos em Deus é o próprio Deus que
crê em nós, aposta em nós e nos chama para uma missão bela e
desafiadora. No chamado aos discípulos, o evangelho conta que um
discípulo levou outro irmão e companheiro a Jesus. Assim, Jesus os
chamou dois a dois e em comunhão. Nós também somos chamados, hoje, a
sermos instrumentos do chamado de Deus para os irmãos e irmãs. Mas, para
que vivamos isso, é importante que valorizemos o processo de vida e de
descobertas que as pessoas, especialmente mais jovens, vivem. É
importante que padres e educadores/as se disponham sempre ao diálogo com
a juventude e possam ajudar os jovens a discernir em meio a tantas
vozes e apelos da vida o chamado único e maravilhoso do Pai de
misericórdia.
Dom Antônio Fernando Saburido, OSB
Arcebispo de Olinda e Recife
Arcebispo de Olinda e Recife
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